quinta-feira, 25 de março de 2010

Saudade


Mãe quando está prestes a ver um filho sair de casa começa a ficar toda chorosa, um filho que vai estudar fora, um que se casa, outro que resolve morar no exterior, e assim por diante.
Tudo é motivo de saudade, o cheiro que ficou no quarto, o cd que ele esqueceu no carro, e até a saudade dos amigos dele que costumavam freqüentar a casa, deixam uma mãe atordoada.
Mãe é um negócio engraçado, chora quando o filho chega, chora quando o filho vai embora, chora quando o filho entra na faculdade, chora quando ele se forma...mães são mesmo um bando de manteigas derretidas.
Uma coisa que todas elas adoram é elogios, não elogios feitos a elas. É claro que desses, elas também gostam. Mas sentem-se imensamente felizes quando elogiam a sua cria, quando dizem o quão educado ele é, como é inteligente, bonito, simpático e atencioso...Ah o coração delas fica em estado de êxtase.
Nunca vou esquecer o dia em que a minha mãe me contou a história do par de chinelos. Ela tinha acabado de me deixar na rodoviária e quando chegou em casa viu que eu tinha esquecido os chinelos num canto da sala, aquilo a deixou tão angustiada, que correu para o quarto, deitou na cama e chorou por longos minutos. Conseqüentemente ao ouvir essa narração também me debulhei em prantos.
Todo filho reclama da mãe, dorme brigado com ela num dia e acorda pedindo uma omelete no outro. Mãe não é igual pai, que segue a perspectiva da mega sena acumulada, ou seja, você precisa de muita sorte para ganhar um bom pai. Não que o meu não o seja. Mas toda mulher depois que se torna mãe engrandece o espírito, fica mais bonita, mais segura de si, mais terna, mais forte, afinal de agora em diante ela fará tudo para proteger a criatura que mais amará ao longo de toda a sua vida.
Hoje estou sentindo uma saudade tão grande da minha mãe, saudade da torta de frango que só ela sabe fazer, saudade do cheiro de roupa limpa que ela deixa no guarda-roupa, saudade dos gritos estressantes dela com os cachorros, saudade das implicâncias dela quando eu pegava o carro emprestado, saudade de pedir benção antes de dormir, saudade de abraçar alguém que eu tenho certeza que me ama.
“Saudade! Saudade! Hoje eu posso dizer o que é dor de verdade!”

2 comentários:

  1. Com certeza ela também ficaria chorosa depois de ler esse seu texto, rsrs!

    Bjos!

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  2. Natália, texto lindíssimo e emocionante... Mãe, realmente é tudo isso e muito mais. Infelizmente, não tive a referência de um pai, mas procuro ser o melhor pai possível para a minha Giovana, graças ao muito que aprendi da minha mãe, visto que ela fez mil e umas para poder desempenhar fielmente os dois papéis.

    Parabéns pela narrativa maravilhosa (como já é próprio de sua parte) e parabéns também pelo novo visual do blog. Ficou super bonito!

    Grande abraço, Geraldo.

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